Fimose

Autor: Anabela Silva, Cristiana Fernandes

Última atualização: 2020/03/27

Palavras-chave: fimose; pénis; criança



Resumo


O prepúcio é pele que recobre a glande do pénis. A incapacidade de puxar para trás (retrair) o prepúcio ao nascimento é chamada fimose fisiológica e está presente em 90% dos recém-nascidos.
Trata-se de uma condição normal.
À medida que a criança cresce o prepúcio separa-se da glande e a sua retração completa torna-se possível. Na maioria das crianças isto ocorre entre os 3 e os 5 anos de idade, mas não é incomum que a fimose se prolongue até à adolescência.
A retração forçada do prepúcio para trás ou a ocorrência de infeções pode causar ferimentos e cicatrizes e condicionar o que se designa por fimose patológica. Nesta situação pondera-se intervenção terapêutica que pode incluir a aplicação de um corticóide tópico e exercícios de alongamento, ou cirurgia no caso de falência do tratamento conservador. Uma higiene adequada é a melhor forma de prevenção.




Fimose


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O prepúcio consiste na pele que recobre a glande, conferindo proteção ao meato uretral e à glande do pénis. Tem um papel importante para o prazer sexual.
A fimose aparece quando não é possível retrair o prepúcio e expor a glande do pénis. Pode ser classificada em fimose fisiológica e fimose patológica.
A fimose fisiológica consiste na incapacidade normal de retrair o prepúcio. Acontece em 90% dos recém-nascidos do sexo masculino e que tende a desaparecer espontaneamente aos 3-5 anos.
Há por vezes muita preocupação com estas aderências normais entre o prepúcio e a glande que levam a tentar forçar a pele, ou a massajar para resolver a situação. Além de não ter eficácia comprovada, pode provocar pequenos traumatismos que ao cicatrizarem formam um anel fibroso no prepúcio que impede a sua retração espontânea e causa uma fimose patológica. Outras causas incluem a inflamação (balanopostites) e as infeções recorrentes da glande do pénis, normalmente relacionadas com uma higiene desadequada.

Quais são os sinais a ficar atento?


Deixar passar o tempo é muitas vezes a melhor atitude. No entanto, há situações a que devemos estar atentos e que obrigam a procurar ajuda médica:

  • Criança que parece "desconfortável" a urinar
  • Presença de "balão" miccional (balão de urina formado na ponta do pénis quando a criança começa a urinar).
  • Infeções urinárias de repetição


Tratamento


A maioria das crianças com fimose fisiológica vai evoluir favoravelmente para resolução espontânea e não vai necessitar de qualquer intervenção terapêutica.
Nos casos de fimose patológica existem vários tratamentos disponíveis que deverão ser discutidos com o médico assistente.
Em crianças mais novas, geralmente recomenda-se uma atitude de vigilância, mantendo-se uma higiene adequada. O seu médico poderá ainda prescrever uma pomada contendo corticoides, que deverá ser aplicada diretamente sob o anel fimótico ao longo de 4-8 semanas e concomitantemente com a realização de exercícios de alongamento de rotina. Estes consistem numa retração leve do prepúcio (“puxar a pelezinha”), durante ou logo após o banho, quando a pele está mais humedecida e fexível, até onde se conseguir e sem nunca forçar.
Nas situações em que estes exercícios não se mostram eficazes, poderá equacionar-se a realização da cirurgia, vulgarmente conhecida como circuncisão. A circuncisão é um procedimento cirúrgico muito simples que consiste na remoção cirúrgica do prepúcio. A indicação médica para a sua realização é muito específica e engloba as situações de balanopostites, as infecções recorrentes do trato urinário, os adolescentes que não conseguem expor completamente sua glande e os casos de fimose patológica. Há também um enquadramento para a circuncisão que nada tem a ver com indicações médicas estritas mas com aspetos culturais e religiosos.

Medidas preventivas


Uma boa higiene das crianças é a melhor forma de prevenir inflamação e infeções recorrentes do pénis e suas consequências.

No recém-nascido e na criança até aos 6 meses, o pénis deve ser lavado como as outras partes do corpo. Nesta fase, não deve puxar o prepúcio sobre o pénis. A fralda deve ser ainda mudada frequentemente para evitar assaduras e a irritação da pele.

Após os 6 meses, os pais e/ou cuidadores podem começar a puxar suavemente o prepúcio durante o banho, diariamente. É importante puxar o prepúcio apenas até ao limite do possível, sem forçar. A retração forçada pode causar sangramento e fibrose e resultar no desenvolvimento de fimose patológica. Assim que a glande for exposta, mesmo que só uma parte dela, lavar a área delicadamente, passando água e sabão neutro e hipoalergénico e posteriormente secar. A retração suave do prepúcio com trocas de fralda e banho permitirá a retração gradual e progressiva do prepúcio sobre a glande.

Quando terminar, certifique-se que de que o prepúcio retraído é puxado para a sua posição normal, cobrindo a glande do pénis. Não fazer isso pode resultar em parafimose, que é a incapacidade de fazer com que o prepúcio retraído retorne à sua posição normal. Sinais de parafimose incluem ainda dor, inchaço e alteração da cor da glande para uma coloração vermelho escuro ou azulada. Trata-se de uma emergência médica pelo risco associado de congestão venosa e linfática da glande e evolução para gangrena, que implica uma observação urgente para evitar complicações graves.

As crianças não circuncidadas devem ser instruídas para a realização de gestos que envolvem a retração do prepúcio, lavagem da glande, secagem e retorno à sua posição normal, tanto durante o banho como em cada micção. A prática diária destes gestos previne a acumulação de secreções e urina, facilitadores do crescimento de bactérias e infeções. No caso das crianças circuncidadas não estão indicados outros cuidados, além da lavagem diária do pénis durante o banho. No entanto, pela ausência do prepúcio a pele do pénis poderá ficar mais seca e irritada, pelo que se aconselha a utilização de roupa interior de algodão. Além disso deve ser evitada a utilização de roupa justa.

Conclusão


A fimose é comum, mas resolve na maioria dos casos antes da adolescência. As medidas de higiene adequadas são importantes para prevenir o aparecimento de complicações futuras.

Referências recomendadas






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