Diferenças entre edições de "Uso terapêutico de canabinóides na doença mental"

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Edição atual desde as 19h18min de 31 de maio de 2020

Autor: Ana Sofia Pires, Ana Vera Costa, Sandra Mendes, Sandra Borges, Sara Melo, Joana Jorge, Graça Mendes

Última atualização: 2020/05/27

Palavras-chave: Canabinóides, Canábis, Uso terapêutico, Pedopsiquiatria



Resumo


Em Portugal estão disponíveis terapêuticas com compostos derivados da planta do canábis como o THC (Tetrahidrocanabinol) e o CBD (Canabidiol) que mimetizam e interagem com o sistema corporal que produz canabinóides internos, provocando efeitos benéficos e desejáveis no controlo de múltiplos sintomas na área da Doença Mental. O uso terapêutico destes compostos é um tema polémico e atual e encontra-se em estudo a combinação ótima para maximizar efeitos e minimizar riscos. O Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde), disponibiliza uma lista de indicações terapêuticas e circunstâncias para a sua aplicação.




Uso terapêutico de canabinóides na doença mental


Cannabis.jpg

O uso terapêutico de extratos da planta do canábis é um tema polémico e atual, encontrando-se em estudo para uma grande diversidade de problemas de saúde. O tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) são compostos da planta que mimetizam e interagem com o sistema corporal que produz canabinóides internos, com efeitos potencialmente benéficos:

  • Têm ação comportamental, ansiolítica, antipsicótica, e antidepressiva
  • Atuam no processamento de informação emocional, memória e função cognitiva
  • Efeitos na regulação de sono.

Porém, o consumo de tetrahidrocanabinol (principal constituinte psicoativo da planta) está também associado a múltiplos riscos como o desenvolvimento de dependência, psicose, ansiedade, irritabilidade, e alterações na atenção e na perceção. Não há registo de efeitos nocivos psicoativos com o canabidiol. Está ainda em estudo a combinação em proporção ótima destes dois componentes para permitir maximizar os benefícios terapêuticos, minimizando os riscos de consumo.

Utilização médica dos canabinóides


Canabinoides SQ.jpg

A associação entre CBD e THC revela resultados positivos e ação promissora na perturbação do espectro do autismo, na perturbação de hiperatividade e défice de atenção, na perturbação de ansiedade, na perturbação depressiva, e na gestão e controlo de comorbilidades.
Na perturbação do espectro do autismo parece haver uma diminuição na produção de níveis de canabinóides internos. Os estudos preliminares apontam efeitos positivos e melhoria das comorbilidades, nomeadamente a epilepsia, presente em 20-30% destes doentes. Na perturbação de hiperatividade e défice de atenção sugere-se a hipótese de existir o mesmo mecanismo de atuação dos medicamentos com efeito positivo na melhoria de sintomas. Mas apenas existem estudos em animais.
Os canabinóides externos atuam também em recetores específicos associados à ansiedade e à depressão. Na esquizofrenia, o tetrahidrocanabinol pode agravar e provocar sintomas agudos, estando a ser estudado o canabidiol como forma de contrariar estes efeitos.

Autorização de utilização em Portugal


O Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde estabelece o quadro legal para a utilização medicinal de preparações à base da planta da canábis, definindo normas de prescrição e dispensa em farmácia. Estes fármacos apenas serão autorizados se os tratamentos convencionais com medicamentos aprovados não estiverem a ser eficazes ou se provocarem efeitos adversos relevantes.
Estão indicados em:

  • Espasticidade associada à esclerose múltipla ou lesões da espinal medula;
  • Náuseas, vómitos (resultante da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV e medicação para hepatite C);
  • Estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com SIDA;
  • Dor crónica (associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso, como por exemplo na dor neuropática causada por lesão de um nervo, dor do membro fantasma, nevralgia do trigémeo ou após herpes zóster);
  • Epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância, tais como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut;
  • Glaucoma resistente à terapêutica;
  • Síndrome de Gilles de La Tourette em adultos

Em Portugal está disponível para uso terapêutico a formulação para pulverização oral que combina THC com CBD.

Precaução na utilização


Existem várias combinações destes compostos em investigação clínica com crianças e poucos resultados consistentes. Apesar de surgirem indícios de benefício com melhoria clínica, da qualidade de vida, melhor controlo dos sintomas e melhor gestão de comorbilidades na doença mental da infância e adolescência, identificam-se aspetos que obrigam a precaução na sua utilização:

  • desconhecimento de limites de dose e proporção da combinação dos dois componentes principais da planta que permitam evitar efeitos secundários;
  • desconhecimento das interações com outros medicamentos, principalmente antipsicóticos, antidepressivos e antivirais;
  • ausência de resultados consistentes nos estudos.



Conclusão


Não é possível inferir conclusões sustentadas que validem a indicação terapêutica destes compostos nas doenças do foro mental em crianças. São necessários mais estudos para definir doses, combinações, posologia e efeitos secundários para cada doença.

Referências recomendadas





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