Rastreio do cancro da próstata

Revisão das 21h43min de 9 de maio de 2016 por Paulo Santos (Discussão | contribs)

Autor: Maria Inês Oliveira, Jéssica Perpétuo

Última atualização: 2016/04/04

Palavras-chave: Cancro da Próstata, Rastreio Oportunístico, Deteção Precoce de Cancro, Antigénio Específico da Próstata (PSA)



Resumo


A próstata é um órgão que faz parte do sistema reprodutor masculino, cujo tamanho vai aumentando com a idade.
O cancro da próstata, apesar de frequente, tem uma taxa de mortalidade baixa e uma evolução muito lenta.
O rastreio do cancro da próstata é efetuado pelo teste do PSA e pelo toque retal.
Atualmente, em Portugal, não se recomenda a realização do rastreio sistemático do cancro da próstata, através da pesquisa do PSA no sangue:

  • Ainda não foi possível demonstrar que os benefícios deste rastreio superam os riscos
  • Não há demonstração inequívoca de que seja eficaz na redução da morbilidade (doença) e da mortalidade.

Assim, a decisão de realizar o rastreio do cancro da próstata deve ser sempre tomada de forma partilhada com o seu médico.



A próstata


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A próstata é um órgão presente apenas nos homens. Localiza-se entre a bexiga e o pavimento pélvico e à frente do reto. É atravessada pela porção inicial da uretra (canal por onde passa a urina). Faz parte do sistema reprodutor masculino e a sua função é produzir parte do líquido que constitui o sémen. O tamanho da próstata vai aumentando com a idade, podendo originar um quadro de hiperplasia benigna da próstata, que nada tem a ver com cancro da próstata.

O cancro da próstata


A probabilidade de se ter cancro da próstata ao longo da vida é elevada. Contudo, neste tipo de cancro, a taxa de mortalidade é bastante baixa, para além de se observar uma percentagem significativa de casos cuja evolução é muito lenta, sem qualquer repercussão na qualidade de vida do homem e sem nunca se manifestar.
O cancro da próstata pode provocar vários sintomas (“queixas”), mas estes não são específicos da próstata, ou seja, podem representar sintomas de outro órgão ou de outra doença. Por outro lado, estes sintomas podem ser causados pelo aumento benigno da próstata que ocorre ao longo do tempo, e não por um cancro. Por fim, muitos cancros da próstata podem não provocar nenhuma queixa, ou seja, evoluem silenciosamente.
Os sintomas provocados pelo aumento da próstata, quando presentes, são:

  • Sintomas de esvaziamento (p.ex. micção prolongada, jato urinário interrompido, atraso no inicio da micção, diminuição da força do jato urinário);
  • Sintomas de enchimento (p.ex. necessidade súbita de urinar, urinar com mais frequência, principalmente à noite);
  • Sintomas pós-miccionais (p.ex. sensação de não esvaziar completamente a bexiga, gotejo no final da micção).



O que é o PSA?


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PSA quer dizer “Antigénio Específico da Próstata” e é produzido quase exclusivamente pelas células da próstata.
É possível medir os níveis de PSA através de uma simples análise de sangue.
O PSA apresenta uma baixa especificidade, isto significa que pode estar aumentado e a homem não ter nenhum cancro da próstata. Por exemplo, o aumento de PSA pode dever-se a um aumento benigno da próstata (hiperplasia benigna da próstata), uma prostatite (infeção da próstata), uma infeção urinária ou genital ou ainda uma retenção urinária (“urina presa”).
O valor de PSA também não permite diferenciar a gravidade nem o estadio do cancro da próstata nem existe um valor de PSA que exclua o seu diagnóstico.

Rastreio do cancro da próstata


O rastreio do cancro da próstata pode ser efetuado pelo teste do PSA e pelo toque retal. Através do toque rectal, o médico faz a palpação da próstata, com o objetivo de detetar alguma irregularidade ou presença de nódulos.
Atualmente, não existem estudos científicos suficientes que permitam recomendar a realização a todos os homens do rastreio do cancro da próstata. Não foi possível demonstrar que os benefícios deste rastreio superem os riscos, nem a sua eficácia na redução tanto da carga de doença como do número de mortes.
À luz dos resultados dos estudos científicos mais recentes, este rastreio não é recomendado, em Portugal, no entanto ainda são muitas as dúvidas tanto a favor como contra, pelo que a decisão final depende sempre de uma análise cuidadosa caso a caso.

Benefícios em realizar o rastreio


O rastreio pode permitir a deteção e o tratamento do cancro da próstata em fases iniciais da doença, sendo que o resultado do tratamento de alguns cancros, quando diagnosticados precocemente, poderá ser melhor.
Infelizmente, a medicina atual não permite saber, no momento do diagnóstico, quais os cancros que irão beneficiar do tratamento precoce ou se é do tipo agressivo ou se, pelo contrário, é daqueles cancros que nunca se iria manifestar por ter uma evolução muito lenta.

Riscos em realizar o rastreio


Nos casos de PSA elevado, os homens irão ser submetidos à realização de uma biópsia, que é um exame muito invasivo com complicações significativas, como a hematúria (sangue na urina), o ardor ao urinar, a retenção urinária, a dor ou a infeção.
Além disso, há muitos casos de cancro da próstata que não têm importância prática porque nunca se manifestariam, nem alterariam a qualidade de vida dos homens, nem seriam causa de sofrimento ou morte. A maior parte dos homens que não fazem o rastreio pelo PSA nunca vão ter sintomas de cancro da próstata nem vão perder anos de vida por causa disso.
Por fim, apenas uma minoria dos cancros da próstata são letais (3%) e o seu tratamento apresenta efeitos adversos importantes como incontinência urinária, urgência fecal e disfunção sexual, com prejuízo muito marcado da qualidade de vida.

Rastreio do cancro da próstata: fazer ou não fazer?
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Argumentos a favor do rastreio
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Argumentos contra o rastreio
Deteção do cancro numa fase precoce Baixa especificidade do PSA (ou seja, estar aumentado e não ter nenhum cancro)
Melhor resultado do tratamento precoce (em alguns casos) Realização de exames invasivos com possíveis complicações
O diagnóstico excessivo de cancros que nunca se manifestariam clinicamente
Uma minoria de cancros são letais
Efeitos adversos do tratamento
A decisão é sua!



Quando medir o PSA?


Em Portugal, a Direção Geral da Saúde recomenda que qualquer decisão sobre o rastreio do cancro da próstata deve ser precedida e baseada numa avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios com o seu médico:

  • Idade entre os 45 e os 50 anos: A medição do PSA pode ser realizada em homens de risco elevado (antecedentes familiares de cancro da próstata).
  • Idade entre os 55 e os 70 anos: A medição do PSA pode ser realizada, se a pessoa assim desejar e ponderados os riscos e benefícios do rastreio.
  • Idade entre os 70 e os 75 anos: A medição do PSA pode ser considerada nos homens sem outras doenças e com uma esperança de vida de mais de 10 anos.
  • Idade superior a 75 anos: Não tem interesse medir o PSA.

Está recomendado medir o PSA nos homens que já tiverem um cancro da próstata, para a sua monitorização, após o tratamento.

Conclusão


A decisão de realizar o rastreio do cancro da próstata deve ser sempre tomada em conjunto com o seu médico, tendo em consideração os riscos e os benefícios do rastreio.

Referências Recomendadas



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