Notalgia parestésica

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Autor: Bárbara Vaz, Anita Oliveira Marques, Diana Lima Martins

Última atualização: 2021/11/07

Palavras-chave: Prurido, Dor dorsal, Hiperpigmentação, Notalgia Parestésica



Resumo


Apesar de pouco conhecida, a notalgia parestésica é uma doença relativamente comum, mas que parece estar subdiagnosticada. Carateriza-se por comichão e escurecimento da pele no dorso, habitualmente no lado contrário ao da mão dominante. A sensação de comichão é causada pela irritação dos nervos sensitivos e é o ato crónico de coçar que leva ao aparecimento de uma mancha escura. Existem vários tratamentos disponíveis, contudo podem resultar numa melhoria clínica apenas temporária. Compreender o mecanismo da doença pode ser o suficiente para ajudar nos casos em que os sintomas são ligeiros ou descontinuados no tempo.




Notalgia parestésica - uma causa pouco conhecida de comichão


A notalgia parestésica é uma doença crónica caraterizada por comichão (prurido) no dorso, habitualmente perto da omoplata. Apesar de ser uma doença relativamente comum, parece estar subdiagnosticada. Afeta principalmente pessoas mais velhas e é duas vezes mais comum em mulheres, podendo persistir durante meses a anos.

Causas


A comichão na notalgia parestésica resulta da irritação dos nervos sensitivos e tem tendência a agravar com o calor e a presença de suor. A irritação prolongada gerada pela fricção associada ao ato de coçar provoca dano das células da pele, do qual resulta o escurecimento cutâneo.

Sintomas


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A notalgia parestésica caracteriza-se por comichão, habitualmente na região da omoplata, e, frequentemente, uma mancha escura na pele (hiperpigmentação) no lado contrário à mão dominante. Por vezes coexistem queixas de dor e de alteração da sensibilidade, como sensação de formigueiro, calor ou frio. Na maioria dos casos, os sintomas ocorrem apenas num dos lados do dorso. Pode tornar-se difícil controlar a vontade de coçar a região, mesmo durante o sono ou em momentos de distração.

Tratamento


Os tratamentos disponíveis para alívio dos sintomas da notalgia parestésica têm, na sua maioria, benefício temporário. É importante realçar que os medicamentos habitualmente prescritos para diminuir a comichão, como anti-histamínicos e corticosteróides, não atuam nesta doença.
Entre os vários tratamentos farmacológicos, pode destacar-se a capsaicina tópica (composto encontrado no extrato do chilli), disponível em creme, loção ou adesivo. Proporciona um alívio imediato da comichão, mas com duração variável (3 dias a 2 meses) e os sintomas tendem a reaparecer com a descontinuação do tratamento. Como efeitos adversos, de destacar o aparecimento de vermelhidão e sensação de ardor na área de aplicação.
Os fármacos com melhores resultados são de prescrição médica obrigatória e funcionam através do seu papel na inibição da cadeia da dor provocada por afetação dos nervos sensitivos (dor neuropática). No entanto, estão associados a alguns efeitos adversos, como desconforto ligeiro no estômago, sonolência e cansaço. Embora sejam pouco utilizados, podem também ser aplicados anestésicos tópicos que proporcionam alívio temporário.
A fisioterapia usa exercícios de fortalecimento e de alongamento dos músculos torácicos, e permite uma diminuição da irritação dos nervos que provocam a comichão. Técnicas de acupunctura ou de neuroestimulação elétrica transcutânea (corrente elétrica que estimula os músculos e nervos) podem também ter alguma eficácia. Em casos selecionados, pode ser realizada uma cirurgia para descomprimir o nervo afetado.

Evolução


Independentemente do tratamento escolhido, habitualmente a notalgia parestésica não resolve na sua totalidade, embora os sintomas possam ser controlados e a remissão completa seja uma possibilidade a longo prazo.
Como complicações possíveis, de destacar a infeção secundária da pele ou outras doenças cutâneas que resultam da inflamação crónica da pele devido ao ato repetido de coçar.

Conclusão


A notalgia parestésica é uma doença crónica benigna associada a comichão e escurecimento localizado da pele, devido ao ato crónico de coçar. A compreensão destes factos pode ajudar a quebrar o ciclo de lesão e pode ser o suficiente para que pessoas com queixas ligeiras ou descontinuadas não necessitem de tratamento adicional.

Referências recomendadas




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