Impetigo

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Autor: Ana Isabel Marinho

Última atualização: 2020/09/15

Palavras-chave: Impetigo, Infeção bacteriana, Dermatologia



Resumo


Impetigo é uma infeção bacteriana da pele. É causada por bactérias estafilococos ou estreptococos.
É uma infeção frequente que afeta sobretudo crianças em idade pré-escolar. O contágio pode ocorrer através do contacto direto com feridas ou gotículas da secreção nasal das crianças infetadas ou, ainda, por objetos pessoais contaminados (roupas pessoais, de cama, de banho, brinquedos, etc). Clinicamente distinguem-se duas formas: o impetigo bolhoso, caracterizado pela presença de lesões bolhosas e o impetigo não bolhoso, mais frequente, em que estão presentes lesões crostosas da cor de mel, características da doença (crostas melicéricas).
A prevenção passa por medidas de higiene adequadas, hidratação da pele e quando surge a infeção, na desinfeção local e no uso de antibióticos tópicos e/ou orais. É uma doença de evicção escolar obrigatória.




Impetigo



O impetigo é uma infeção da pele que acomete preferencialmente crianças, sobretudo entre os 2 e 5 anos, apesar de também poder surgir em adultos.
Está associada a climas quentes e húmidos, sobretudo durante o verão, higiene precária, ambientes fechados e é mais comum nos meios socioeconómico mais desfavorecidos.
São frequentes surtos em creches e escolas.

Transmissão


A nossa pele é colonizada por uma grande diversidade de bactérias, sendo algumas colonizadoras persistentes e outras colonizadoras transitórias.
As bactérias colonizadoras persistentes são as bactérias que vivem na nossa pele e raramente têm potencial de nos causar doença, mesmo quando há lesões na pele.
As bactérias colonizadoras transitórias são aquelas que adquirimos de outras pessoas ou objetos por contato direto, e que normalmente permanecem na nossa pele apenas por um período limitado de tempo. Estas bactérias poem causar infeções de pele, quando há alguma lesão que quebra a barreira de proteção, possibilitando a entrada.
O impetigo pode ser causado por duas bactérias: Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus, ambas colonizadoras temporárias.
O contágio pode ocorrer através do contacto direto com feridas ou gotículas da secreção nasal das crianças infetadas ou, ainda, por objetos pessoais contaminados (roupas pessoais, de cama, de banho, brinquedos, etc).
O período de incubação do impetigo varia entre um e dez dias.

Formas de apresentação



Impetigo não bolhoso ou superficial simples


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É a forma mais frequente. As lesões típicas começam na face, com predomínio à volta da boca e do nariz, ou nos membros inferiores, em pele previamente traumatizada.
Começa por uma lesão inflamatória que rapidamente evolui para bolha (vesícula), que enche de pus (pústulas) e rebenta, formando uma crosta cor de mel e halo eritematoso.
Pode dar comichão. Habitualmente não provoca dor nem tem afetação de outros órgãos, curando sem sequelas.

Impetigo bolhoso


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É exclusivamente causado por Staphylococcus aureus, que é capaz de produzir toxinas que provocam descolamento da epiderme (camada mais superficial da pele). Aparece sob a forma de bolhas não dolorosas, habitualmente transparentes, de parede fina e flácida, de conteúdo claro que se vai tornando mais escuro e com diâmetro superior a 1 cm. Quando rompem fica uma base avermelhada onde se vai formar uma crosta.
No recém-nascido, as áreas mais afetadas são o períneo, região peri-umbilical e axilas, enquanto nas crianças mais velhas localizam-se preferencialmente nos membros.

Impetigo(02).jpg



Ectima


Trata-se da forma mais rara de impetigo, provocada pelo Streptococcus pyogenes.
Inicialmente manifesta-se como um impetigo típico, mas que atinge a camada mais profunda da pele (derme), com maior gravidade. Os membros são o local mais frequentemente envolvido e as lesões estão cobertas por crostas muito espessas e aderentes.
Afeta sobretudo crianças mais jovens e doentes imunocomprometidos. Está muito associado a más condições de higiene.

Diagnóstico


O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, baseia-se na observação direta das lesões, sem necessidade de mais exames complementares, na generalidade dos casos.

Tratamento


Medidas gerais


  • Incentivar a lavagem frequente das mãos, especialmente antes das refeições e após a utilização dos sanitários;
  • Evitar partilhar objetos de uso pessoal com as pessoas infetadas, como toalhas, lençóis, roupas, brinquedos;
  • Os objetos pessoais devem ser limpos e separados para uso exclusivo das crianças infetadas;
  • Evitar tocar nas feridas para não disseminar a infeção a outras partes do corpo;
  • Lavar as lesões com água e sabão;
  • Remoção das crostas e mudança diária de toalhas e roupa do corpo e cama.


Tratamento farmacológico


Nas lesões são ligeiras ou localizadas usa-se habitualmente antibióticos tópicos (pomada, creme ou loção).
Os antibióticos orais são necessários nas lesões maiores ou acompanhadas de sinais de gravidade, como lesões na boca, afetação de camadas mais profundas da pele, ou afetação de outros órgãos, segundo a avaliação médica.

Prevenção


O impetigo é uma doença de evicção escolar obrigatória, devendo-se manter o afastamento até à cura clinica ou até à apresentação de declaração médica comprovativa da não existência de risco de contágio.

Evolução


A maior parte dos casos evolui para a cura, sem sequelas.
As complicações são pouco frequentes. Pode haver atingimento dos rins – glomerulonefrite - nos casos de infeção por estreptococos, independentemente da antibioterapia instituída.
Raramente podem também aparecer sépsis secundária, osteomielite, artrite, endocardite, pneumonia, celulite, psoríase gutata, e síndroma da pele escaldada estafilocócica.

Conclusão


O impetigo é uma infeção bacteriana da pele, contagiosa, de evicção escolar obrigatória que geralmente tem um bom prognóstico em crianças saudáveis.

Referências recomendadas



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