Amigdalite aguda nas crianças

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Autor: Rita André, Petra Rodrigues

Última atualização: 2020/04/01

Palavras-chave: Amigdalite, Vírus, Bactérias, Criança



Resumo


A amigdalite é um processo inflamatório das amígdalas, muito comum nas crianças. <bt> Pode ser causada por vírus ou bactérias, que se transmitem através de secreções do nariz e garganta.
Os principais sintomas das amigdalite bacterianas são a dor de garganta (odinofagia), a febre de início súbito e os gânglios no pescoço aumentado e dolorosos. Nas amigdalites víricas são mais comuns a tosse, a constipação, e a diarreia, muitas vezes sem febre. O aspeto vermelho-vivo das amígdalas, com ou sem ponteado esbranquiçado, pode ocorrer tanto numas como noutras. Uma zaragatoa da orofaringe permite distinguir as causas e ajustar o melhor tratamento.
Independentemente da causa, os analgésicos e os anti-inflamatórios estão recomendados no alívio dos sintomas de febre e dores.




Amigdalite aguda nas crianças


A amigdalite aguda é um processo inflamatório das amígdalas, estruturas de pequena dimensão, localizadas na garganta, ricas em glóbulos brancos e com um papel importante na defesa contra infeções.
É muito frequente na idade pediátrica. A maior parte das vezes é causada por vírus, sobretudo nos primeiros anos de vida, mas as bactérias também são causa comum.

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Amigdalite vírica: Frequentemente causada por Adenovírus, Enterovírus, Vírus de Epstein-Barr, Influenza e Parainfluenza. Caracteriza-se pela presença de sintomas como a conjuntivite, o corrimento nasal, a rinite, a tosse, a rouquidão, aftas na boca ou diarreia, podendo ou não aparecer febre (geralmente baixa).

Amigdalite bacteriana: A bactéria mais comum é o Streptococcus pyogenes. Caracteriza-se pelo início súbito de febre, “dor de garganta” (odinofagia), dor de cabeça, náuseas, vómitos e dor abdominal. A garganta tem uma coloração vermelho vivo, podendo associar-se ou não à presença de ponteado esbranquiçado nas amígdalas.

Epidemiologia


A maioria dos casos de amigdalite na criança é causada por vírus.
A infeção de causa bacteriana é rara em crianças com menos de 3 anos de idade, ocorrendo mais frequentemente nas idades escolares entre os 5 e os 7 anos e entre os 12 e os 13 anos de idade.
Tem maior incidência no final do Outono, Inverno e início da Primavera.

Como se transmite


A infeção transmite-se através do contacto direto com as secreções do nariz ou da garganta de pessoas infetadas, difundida através das gotículas respiratórias, e propagando-se rapidamente em comunidades fechadas, tais como escolas ou infantários.

Como é feito o diagnóstico?


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O diagnóstico da amigdalite é feito com base nos sintomas e na observação da garganta. É muito típica a presença de uma coloração vermelho vivo, associada ou não a um ponteado esbranquiçado nas amígdalas, que pode acontecer tanto nas amigdalites víricas como nas bacterianas.
Na maioria dos casos, não são necessários exames complementares. A zaragatoa da orofaringe é um teste em que se raspa um cotonete nas amígdalas para recolher um pouco de exsudado que é sujeito a uma análise. Permite complementar a observação clínica quando esta não permite ter a certeza do diagnóstico e orientar o tratamento. Um caso positivo deverá iniciar antibiótico.

Quais as possíveis complicações?


As complicações das amigdalites víricas são muito raras. Nas amigdalite de causa bacteriana, a infeção pode progredir para a profundidade da amígdala e originar um abcesso, com dor, dificuldade em abrir a boca e em engolir. É pouco comum mas muito grave, obrigando a intervenção urgente.
A febre reumática era uma complicação comum há uns anos atrás mas atualmente cada vez menos. Apresentava manifestações cardíacas, osteoarticulares, neurológicas e cutâneas relacionadas com as amigdalites e com gravidade.
As complicações renais também com gravidade são pouco comuns. Cursam com uma alteração do funcionamento do rim, a maior parte das vezes reversível.

Quais as possibilidades de tratamento?


Os analgésicos ou anti-inflamatórios estão recomendados no alívio da dor e da febre, nas crianças e adolescentes sintomáticos independentemente da causa.
As amigdalites víricas são habitualmente autolimitadas, com resolução espontânea sem necessidade de grande intervenção. Os antibióticos não estão indicados pois não resolvem a infeção por vírus.
Na criança com amigdalite, pode-se aguardar 2-3 dias pela evolução do quadro clínico e para decidir da necessidade de antibiótico, que só estará indicado nas amigdalites de causa bacteriana (clínica ou quando a zaragatoa da orofaringe for positiva).
Na maior parte das vezes, e na dúvida, é preferível aguardar o resultado da zaragatoa do que introduzir um antibiótico desnecessário, com toda a segurança uma vez que um atraso de diagnóstico até 9 dias não altera a evolução da doença.

É necessária a evicção escolar?


As amigdalites víricas não são doenças de evicção escolar obrigatória. Nas bacterianas a criança pode regressar à escola 24 horas após o início do antibiótico, sem necessidade de realizar um teste microbiológico.

Como prevenir?


A transmissão dos agentes, sejam vírus sejam bactérias, acontece pessoa a pessoa através do contacto com gotículas respiratórias ou superfícies contaminadas. É importante alguns cuidados para minimizar o risco de contágio:

  • Lavar as mãos regularmente com água e sabão, ou com solução hidralcoólica, sobretudo antes e depois de comer, e sempre que se espirra ou tosse;
  • Não partilhar alimentos, copos ou talheres;
  • Tossir ou espirrar para um lenço de papel que deve ser eliminado;
  • Evitar contacto próximo com pessoas que estejam doentes.



Conclusão


A amigdalite é comum nas crianças e muitas vezes apenas necessita de medicação de conforto para controlar a febre e as dores. É sensato vigiar a evolução sobretudo ao nível da temperatura corporal (abaixo do 38ºC) por 2-3 dias antes de recorrer aos cuidados médicos, mantendo uma medicação de conforto para as dores e para a febre.
Os antibióticos apenas curam as amigdalites bacterianas.

Referências recomendadas






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