Epicondilite lateral: cotovelo de tenista

Autor: Luciana Costa, Ana Luisa Silva, Daniela Costa, Odília Godinho

Última atualização: 2019/12/19

Palavras-chave: epicondilite lateral, cotovelo de tenista, cotovelo, tendinite



Resumo


A epicondilite lateral é uma causa comum de dor no cotovelo que afeta sobretudo os desportistas e os trabalhadores manuais, por vezes com implicações na qualidade do sono e na realização das tarefas do dia-a-dia.
A dor no cotovelo aparece geralmente quando se realizam atividades repetidas com o punho (extensão) e a mão (preensão). A dor no cotovelo que aumenta à pressão local é muito característica.
O reconhecimento dos sintomas, a alteração das atividades que provocam dor e a reabilitação funcional (fisioterapia) são essenciais. Anti-inflamatórios e braçadeiras específicas podem ser usados no controlo de dor. A recuperação é lenta ao longo de 12 a 18 meses, sendo rara a necessidade de cirurgia.




O que é a epicondilite lateral?


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A articulação do cotovelo permite realizar vários movimentos do braço e serve como ponte de ligação entre o ombro e o punho, sendo um local de onde partem e onde chegam diversos músculos que, por sua vez, se fixam ao osso através de tendões.
Esta complexidade predispõe o cotovelo à ocorrência de lesões, sobretudo se forem feitos movimentos repetitivos, com demasiado esforço ou de maneira errada.
A epicondilite lateral, conhecida como “cotovelo de tenista”, é uma lesão musculosquelética comum do braço. Inicialmente pensava-se que era causada por uma inflamação dos tendões que se inserem no cotovelo. Estudos mais recentes mostraram que não é uma verdadeira inflamação, mas sim um conjunto de microlesões e reparações consecutivas que surgem após pequenos traumas repetitivos, levando à degeneração do tendão, com dor e falha na sua função. Os tendões mais afetados são o extensor curto radial do carpo e o extensor comum dos dedos, que se inserem no epicôndilo lateral (saliência óssea do lado externo do cotovelo), sendo esse o motivo do termo “epicondilite lateral”.

Quem pode ter esta doença?


A epicondilite lateral afeta 1-3 pessoas em cada 100, sobretudo entre os 35 e 50 anos de idade, não havendo diferenças significativas entre o número de homens e mulheres. Acontece geralmente no braço dominante (esquerdinos ou destros). Os fumadores e os obesos parecem ter maior risco de desenvolver esta doença.
Qualquer atividade que envolva uso excessivo ou repetitivo do cotovelo pode levar à epicondilite: desportos como ténis (origem da expressão “cotovelo de tenista”), squash, crossfit, basebol, canoagem, bem como determinadas tarefas profissionais como costura, jardinagem, uso de chaves de fendas ou martelos pneumáticos, transporte de cargas pesadas, entre outros.

Como é feito o diagnóstico?


A epicondilite lateral é uma causa comum de dor no cotovelo mas existem outras doenças que podem causar dor, ou seja, uma dor no cotovelo não é sempre uma epicondilite.
É comum existir uma história recente de utilização exagerada do cotovelo associada ao início das queixas. A dor aparece de forma gradual, e a pessoa consegue localizá-la: na região de fora do cotovelo, mesmo sobre o osso (epicôndilo lateral). Agrava com movimentos de preensão (agarrar em objetos com a mão) e desaparece com o repouso. Com o decorrer do tempo, passa a existir dor com movimentos cada vez mais simples como segurar numa chávena ou rodar as chaves na fechadura. Nos casos mais graves pode haver dificuldade na extensão do cotovelo (“esticar” o braço).
Se persistirem dúvidas pode ser útil a realização de uma ecografia, radiografia ou ressonância magnética, onde poderá ser visível um espessamento do tendão, áreas de rutura, calcificações ou irregularidades ósseas, mas é comum que as alterações encontradas nos exames não se relacionem diretamente com a intensidade da dor.

Como se trata?


Não existe um tratamento universal. Em 90% dos casos, a epicondilite resolve sem necessidade de cirurgia, mas de forma muito lenta, entre 12 a 18 meses.
O passo essencial é reduzir ou adaptar as atividades que causam dor. Trocar a raquete por uma mais leve pode ser uma estratégia suficiente para evitar a dor de cotovelo dos tenistas. Nos casos cuja causa é a atividade profissional, pode ser útil uma alteração da postura e movimentos adotados durante o dia. Pequenas pausas com exercícios ou rotatividade entre colegas nas diversas funções de uma fábrica, podem ajudar na prevenção/recuperação. Quando tal não é suficiente, pode ser necessário um período de repouso da atividade profissional.
Os anti-inflamatórios são medicamentos úteis nas primeiras semanas, para alívio da dor. Existem braçadeiras de compressão que se colocam abaixo do cotovelo para diminuir a tensão dos músculos e tendões. As injeções de corticoides não estão recomendadas porque não trazem vantagens a longo prazo. A fisioterapia tem eficácia comprovada e alguns exercícios aprendidos podem ser reproduzidos em casa ou no trabalho, de forma a promover a resistência muscular.
Um em cada 10 doentes vão necessitar de tratamento cirúrgico na especialidade de ortopedia. É fundamental abordar as causas, sobretudo nas posturas e movimentos, pois o risco de reaparecimento é real.

Conclusão


A epicondilite lateral é comum entre algumas profissões e desportos. A avaliação médica atempada, com as respetivas orientações, é muito importante para o sucesso da recuperação.

Referências recomendadas




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